Muito se tem dito e escrito sobre as lutas e os levantamentos populares e democráticos dos povos do Mundo Árabe no Magrebe e no Médio Oriente.
Todos manifestam as suas opiniões (legítimas, sem dúvida).
No fundo, quase todos, exprimem os seus medos e tentam exorcisar os seus fantasmas.
A sociedade do "bem-estar" está em crise. Acabou.............
O "fenómeno" está demasiado perto de nós. Está à porta.
Esta é a verdade. Verdade que causa pânico aos povos das "democracias ocidentais".
A estratégia do imperialismo norte-americano e dos seus aliados europeus sempre passou por um completo domínio nesta região.
Os regimes, dóceis para o imperialismo e implacáveis para os seus povos, mantinham-nos tranquilos.
Travavam fluxos migratórios, forneciam-nos os seus recursos, obtinham a nossa cumplicidade.
Ninguém percebeu que estes importantes acontecimentos (a partir de 14 de Janeiro) mais não representaram do que um sério revés para esta estratégia.
Os povos "acordaram", querem ser "donos" do seu destino:
Nós, cegos, como sempre, tentamos seguir "à boleia" de um processo que, em muito, nos ultrapassa, nos afronta e que nem comprendemos.
Nunca conseguimos compreender as insanáveis contradições que se acentuaram há décadas nestes países.
Agora, pensamos que, de uma forma tranquila e natural, podemos exportar o nosso modelo de democracia.
Recusamos perceber o que, histórica e culturalmente nos distingue (mas que não nos separa).
Somos teimosos, arrogantes e complexados.
Importa condenar a violenta repressão que se abateu contra os povos em luta, nomeadamente na Tunísia, no Egipto, no Iemen e na Líbia.
Cumpre expressar a solidariedade com os mesmos e com as forças democráticas, progressistas e revolucionárias da região.
Importa não esquecer que os regimes em causa foram apoiados pelas principais potências capitalistas e por organizações como a Internacional Socialista.
Importa, igualmente, não esquecer que os povos destes países só serão verdadeiramente livres quando conseguirem pôr fim às ingerências externas.
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