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sexta-feira, 2 de abril de 2010

À mesa das decisões

O Almirante Reis Rodrigues considera desastrosa a possibilidade de Portugal anular o contrato de aquisição dos submarinos encomendados à Alemanha.
Afirma que os mesmos são fundamentais para a segurança da costa portuguesa e aduz três razões principais:
Primeira, o submarino é a única arma que o país pode operar sem expor superioridade militar, por actuar de forma encoberta;
Segunda, o país é uma "autoridade operacional submarina" no âmbito da NATO, por ter submarinos, o que lhe permite controlar a sua área de interesse directo e os movimentos submarinos. Sem estes aparelhos "deixa de saber o que se passa na sua área", o que passará a ser feito pelos vizinhos, Espanha e França. Na prática, a posse de submarinos dá ao país a possibilidade de se sentar à mesa das decisões;
Terceira, os submarinos permitem a recolha antecipada de informação para a operação de meios militares. "São o meio ideal, vão à frente.".
A mim, que não percebo nada destes assuntos de estratégia militar (limitei-me a cumprir o serviço miltar obrigatório), estes argumentos não me dizem muito. Mas o que é certo é que a própria Nato, como foi noticiado em Abril de 2004, classificou este negócio como um desperdício e recusou-se a apoiar o mesmo.
Por outro lado, parece-me extraordinário que Portugal tenha de cumprir um contrato quando a outra parte manifestamente o não fez (pelo menos no que diz respeito às contapartidas) e quando a sua celebração possa estar minada por actos de corrupção. 
Entretanto, a Grécia, em desespero para conseguir apoios internacionais no combate à sua difícil situação económica e financeira, viu-se obrigada a "aceitar" três submarinos alemães e seis fragatas francesas (estas no valor de 2.5 mil milhões de euros).
Assim, a Grécia já se pode sentar à mesa das decisões, das parvas e connosco.


6 comentários:

  1. Eu, que também não percebo nada destes assuntos e nem sequer o serviço militar obrigatório cumpri, só retirava daqui aquele argumento de a NATO ter classificado o negócio como desperdício e não o ter apoiado. É que a NATO, para mim que não percebo nada disto, é a França, a Espanha, a Alemanha e representa e defende apenas os interesses desses amigos crescidos.

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  2. Mas falta aqui o argumento principal do almirante: Portugal apresentou uma proposta de extensão da plataforma continental, em que se defende que, para lá das 200 milhas náuticas da Zona Económica Exclusiva (ZEE), a sua soberania sobre o fundo do mar seja alargada em 2,15 milhões de quilómetros quadrados, uma extensão dos direitos de soberania aos recursos do solo e subsolo marinhos além das 200 milhas.
    Não querendo discutir se é com submarinos ou com aviões, se os submarinos devem ser alemães ou chineses, muito menos discutir este contrato todo minado, essa soberania não exigirá meios de controle e fiscalização?

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  3. Caro 1º anónimo
    o problema é precisamente esse. Se até a NATO (e esqueceu os EUA)achou que era um desperdício, algo de estranho se passou (ou passa). Talvez se os submarinos fossem norte-americanos...

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  4. Caro 2º anónimo
    Eu não falei em necessidade ou desnecessidade (confessei a minha ignorância na matéria). A questão é, além do mais, de prioridades, transparência e cumprimentos de contratos

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  5. Não esqueci os EUA, mas tanto quanto eu consigo entender o jogo, a distribuição de interesses e poderes faz-se a um nível mais regional (Europa/América). E quando se fala em "sentar à mesa das decisões" talvez tenha a ver com isso, não interessa aos crescidos mais um fedelho a querer servir-se da mesma travessa. Claro que é um "desperdício" um miúdo a querer submarinos... a seguir ainda vai querer uns cargozinhos ali naquela distribuição.
    Mas isto são os meus palpites e eu não entendo nada disto.

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  6. Não discuto, porque concordo, as questões da transparência e do cumprimento dos contratos. Quanto às prioridades, atenção ao último parágrafo da notícia, é muito difícil conjugar o planeamento de 10, 15 ou 20 anos com as prioridades que mudam a cada mês ou conforme a criatura que estiver no poder.

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