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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os Mercados

Hoje, apetece-me falar sobre os mercados.
Estas entidades abstractas que nos dominam a todos
Os nossos ministros aparecem, todos os dias, na tv, na rádio e nos jornais a avisar que "ou apertamos o cinto" ou os "mercados" penalizam-nos, não nos emprestam dinheiro ou, a emprestarem (num gesto magnânimo), cobram uns juros insuportáveis, que nos lançam para a falência.
Os partidos do centrão concordam e dizem-nos que é verdade: os "mercados" não perdoam e há que fazer sacrifícios.
Os engravatados economistas do regime, com ar sisudo, aplaudem e apontam o "excesso de regalias dos trabalhadores" como a fonte de todos os males. 
Em nome deste "desígnio nacional", celebram acordos e aprovam o Orçamento de Estado, fingindo que não concordam com o mesmo, tudo em nome dos tais "mercados".
Cortam-se os salários e os apoios sociais.
Acaba-se com o investimento público.
Parece-me que falta alguma coragem para "chamar os bois pelos nomes".
Os "Mercados" não são mais do que os grandes especuladores nacionais e internacionais.
São aqueles que deliram com a pespectiva de sacarem aos povos da Grécia, de Portugal e da Irlanda os seus parcos recursos.
São aqueles que, ao longo dos anos, apelando a "solidariedades comunitárias", destruíram todo o aparelho produtivo.
Arrasaram com as pescas, com a agricultura e com a indústria.
Agora, afirmam que não temos capacidade produtiva.
Que temos de ser "ajudados", sob pena de colocar-mos em risco a grande economia da "zona euro". 
Ajudados, note-se, com pagamentos de taxas de juro de 7% e 8%.
Que outros negócios garantem tal remuneração de capital?
As grandes empresas, nomeadamente do sector financeiro (com obscenos lucros), estão praticamente isentas de impostos.
As mais-valias bolsistas, os rendimentos de capital e a distribuição de dividendos, são taxados de uma forma ridícula (o argumento é o de que, se não for assim, o investimento sai de Portugal e fixa-se noutras economias).
Tudo em nome dos "mercados".
Exige-se "menos Estado" na distribuição dos lucros e "mais Estado" no pagamento dos prejuízos causados pela especulação financeira.
O esforço para o pagamento dos prejuízos do "BPN" e do "BPP" tem de ser conjunto, quando os lucros bilionários de tais instituições foram parar, de uma forma criminosa, aos bolsos de meia-dúzia.
O povo, assustado, em desespero e na penúria, sai para a rua, em luta e em greve.
Porra, será que já não chega? 
Que tal dar um pontapé nestes "mercados"?

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